WILSON MARQUES : 'A literatura é um mundo que ainda está sendo descoberto'

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WILSON MARQUES : 'A literatura é um mundo que ainda está sendo descoberto'

Perfil


As letras sempre fizeram parte da vida de Wilson Marques, primeiro através dos livros na infância.

Gisele Carvalho
Da equipe de O Estado
 
26/10/2014
Foto: Paulo Soares
Wilson Marques, jornalista e escritor

Com livros que apresentam a história e a cultura da capital maranhense de forma lúdica, com lendas e tradições, além de outros títulos, Wilson Marques vem despontando na produção para o público infanto-juvenil. A lista de títulos de sua autoria é grande. Já há previsão de publicação de um de seus livros fora do país, e mesmo assim ele ainda não se considera um bom escritor. Procura se reinventar diariamente para continuar fomentando a criação literária e a promover novos olhares sobre a Ilha de São Luís.

Wilson Marques não consegue se concentrar em apenas uma coisa. Atualmente, está trabalhando em diversos projetos: ele está escrevendo pelo menos três projetos, tentando escrever um romance e aguardando a publicação de dois livros já prontos.


A literatura infanto-juvenil entrou na vida do jornalista por acaso. Já haviam se passado anos de dedicação ao jornalismo e depois à publicidade quando ele resolveu pedir demissão dos empregos para poder dedicar todo o seu tempo a realizar um projeto que vinha acalentando há um tempo: escrever um livro.

Antes de concluir o curso de Comunicação Social na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA), ele já trabalhava no jornal O Estado. Depois, trabalhou no jornal da Universidade de São Paulo (USP). Retornando para o Maranhão, passou por outros jornais nas editorias de Cultura e Geral e como fotógrafo. No total, foram cinco anos. Depois, ingressou em agências de publicidade. Foram mais sete anos.
Escritor - Após tanto tempo, o acaso deu um empurrão para que realizasse o projeto de escrever uma obra. 
Foi durante uma viagem a Veneza, na Itália, que ele observou estudantes visitando os monumentos espalhados pela província conhecida pelos seus canais e museus. De imediato, veio a ideia de escrever aventuras que se passassem em Veneza contando sua história, mas, como não tinha um amplo conhecimento sobre o lugar, ele escolheu a cidade em que residia, São Luís.

Assim nasceu a ideia da obra de ficção Touchê em Uma aventura pela Cidade dos Azulejos (1998). O fantasma de Daniel de La Touche, o Touchê, conta a história e as lendas da capital de forma divertida para o público infantil. "Vi que não tinha literatura na cidade para esse público e sobre esse assunto. Com a escassez de material do tipo, os livros foram adotados nas escolas e as crianças gostaram muito. Por conta disso, também faço o trabalho de visita nas escolas para conversar com os alunos para ter contato direto com o leitor. Eles perguntam bastante. O bom é que esse trabalho tem esse lado utilitário de compartilhar o conhecimento da nossa cidade com as novas gerações", destaca Wilson Marques.

O sucesso das aventuras de Touchê foi tão grande que já são cinco livros publicados. Vieram também Touchê em Uma aventura em noite de São João (1999), Touchê e o segredo da serpente encantada (2005), Touchê e Rafa em A invasão francesa e a fundação de São Luís (2007), Touchê e Rafa em Balaiada, a revolta (2012).

Além de Touchê, Wilson Marques escreveu sobre outros assuntos. Livros como O Tambor de Mestre Zizinho (2010) ganharam destaque. Ao postar uma historinha do título na internet, ele chamou a atenção da editora Mercuryo Jovem, que publicou o livro. Agora, o livro, que trata do tambor de crioula, será publicado na África do Sul.

Mudando de gênero, o escritor também redigiu O Jovem João do Vale, um perfil do músico, cantor e compositor maranhense. O livro foi publicado pela editora Nova Alexandria no ano passado. Além disso, ele tem três títulos na literatura de cordel.

Princípio - Natural de Caxias, Wilson Marques veio para São Luís ainda bebê. O pai era funcionário da extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), a mãe era dona de casa e ele tinha cinco irmãos. O escritor conta que sua relação com a literatura começou desde que ele era pequeno com o estímulo dos pais.

"Naquele tempo, a oferta de livros era muito pequena. Eram adaptações de contos de fadas como João e Maria e Pele de Asno. O que compensava é que nós ouvíamos muitas histórias. Praticamente não tinha televisão e a programação era restrita. Então, minha mãe contava muitas histórias da tradição oral que ela tinha ouvido. Isso era muito legal, porque o contador aumentava e mudava. Isso é que dá a riqueza da tradição oral. Tinha histórias assustadoras também. Já o meu pai entregava os livros para nós, mas não era uma obrigação que a gente tivesse que ler sempre", conta o escritor.

Até chegar ao curso de Comunicação Social, ele tentou estudar Matemática e História. A escolha pelo curso de Comunicação com habilitação em Jornalismo não foi motivada por vocação para escrever ou algo do tipo, mas principalmente por curiosidade. Vocação ou não, ele já escrevia contos, mas não mostrava para ninguém. Isso porque achava que seus textos ainda eram muito ruins.

Mesmo com essa autocrítica, ele persistiu e hoje é referência quando se pensa na produção literária local. Tanto que um de seus projetos, o Passeios pela História e Cultura do Maranhão, está sendo executado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura com patrocínio cultural da Cemar. O projeto consiste na reedição de seis dos seus livros, que serão embalados em um box e doados a bibliotecas, escolas e outras instituições de ensino. O projeto tem a parceria com o Sesc, que disponibilizará o seu carro-biblioteca para realização de atividades.

Escritor lançará obra na Feira do Livro deste ano

Wilson Marques será o patrono da 8ª Feira do Livro de São Luís (Felis), que começa no próximo dia 31 e se estende até o dia 9 de novembro. Com o tema Literatura Infantil: aqui começa a magia da leitura, a feira terá como patrono um nome que vem se destacando no cenário da literatura infanto-juvenil na capital.

Para ele, o convite para ser patrono do evento foi um grande reconhecimento pelo trabalho que vem fazendo. Mas mais do que ser homenageado, seu maior propósito com a participação na feira é contribuir para que a literatura infantil continue crescendo em São Luís e em todo o estado. "Eu soube que seria homenageado antes do anúncio da feira, mas não esperava o convite para ser patrono. Fico feliz de ver que mudaram o perfil dos homenageados que antes eram nomes de mais peso e hoje são pessoas mais atuantes. Esse convite é muito importante para a minha carreira, mas antes de tudo mostra que tem tanta gente boa produzindo no Maranhão", afirma.

Aproveitando a oportunidade da feira, o escritor lançará o livro Contos e lendas da Terra do Sol, redigido em parceria com o escritor, professor e pesquisador da literatura de cordel e do folclore brasileiro Marco Haurélio. Publicado este ano pela editora Folia de Letras, o título reúne 39 relatos da tradição oral baiana e maranhense reunidas pelos dois escritores. Algumas das histórias que ele escutava da mãe quando pequeno estão no livro.

"Essa feira é um sinal de que as pessoas estão voltando a atenção para a literatura infantil. Já tem algumas pessoas escrevendo com regularidade no âmbito local. O que falta é uma liga que dê conjunto a esse trabalho. A feira do livro vai ser um catalisador disso. É um momento de crescimento que temos que saber aproveitar", afirmou o escritor.

RAIO-X

Nome completo
Wilson Marques de Oliveira
NASCIMENTO
5 de agosto de 1962
PROFISSÃO
Jornalista
FILIAÇÃO
Aldeíres Marques de Oliveira e Benedito Percílio de Oliveira
FILHOS
Não
QUALIDADE
Ouvir mais do que falar
DEFEITO
Ser bagunçado. Escreve mil coisas ao mesmo tempo.
ALEGRIA
As que chegam sem que se saiba de onde e nem como. Às vezes, pelo fato de uma simples brisa entrar pela janela. "Psra mim, são as realmente autênticas"
TRISTEZA
Não poder realizar todos os projetos que tem em mente e os que ainda podem surgir
SAUDADE
Da infância
PLANOS
Se aperfeiçoar e avançar no que está fazendo

Livros publicados

Touchê em Uma aventura pela Cidade dos Azulejos - 1998
Touchê em Uma aventura em noite de São João - 1999
Quem tem medo de Ana Jansen? - 2001
O homem não foi à lua - 2003
Touchê e o segredo da serpente encantada - 2005
A menina levada e a serpente encantada - 2006
Touchê e Rafa em A invasão francesa e a fundação de São Luís - 2007
A França Equinocial e a fundação de São Luís - 2008
A revolta de Beckman e nos tempos de Pombal - 2008
O tambor do Mestre Zizinho - 2010
A lenda do Rei Sebastião e o Touro Encantado em cordel - 2011
Touchê e Rafa em Balaiada, a revolta - 2012
O Jovem João do Vale - 2013
João Pedro Borges - Violonista por excelência - 2013
A menina inhame - 2013
Os dois irmãos e o olu - 2013
Contos e lendas da Terra do Sol (parceria com Marco Haurélio) - 2014

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